segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Black Bloc

disponivel na AMAZON.COM livros de autoria de prof Msc Roberto da Silva Rocha OQQÉ Número 2/2013 novembro JOGOS BLACK BLOC 2.0 O Black Bloc parecia o começo de uma nova revolução cultural. Jovens brasileiros descontando o atraso na participação política e cívica, depois de uma ressaca da “Geração Coca-Cola” que descarregou toda a sua adrenalina, deixando a sua cota de responsabilidade civil nas poesias cantadas em versos melódicos compostos para três acordes de guitarra berradas no rock planaltino. Estávamos todos nos sentindo aliviados pelo efeito placebo da sublimação da nossa culpa coletiva e pela expiação da nossa alienação política em nome do dever cumprido ao deixarmos para os poetas-roqueiros a missão de nos redimir da nossa apatia diária diante das telenovelas pseudo-críticas que apenas repercutem a leitura oficial das mazelas do Estado patrimonialista e clientelista que supunha esgotar o seu trabalho patriótico deixando todas as carentes chefes dos lares satisfeitas com as suas prebendas dos programas assistencialistas que cobrem as necessidades urgentes dos sem-tetos nos programas “Minhas casas minhas vidas” até as satisfações das suas despensas cheias de farinha e cachaça dos “Cartões Famílias”. Convém saber que ainda vinha mais: para desculparmos da nossa preguiça diária de sairmos às ruas para enfrentarmos triunfalmente os cães preparados das polícias anti-manifestação que são o ISO9000 de qualquer país civilizado para garantir que o governo não se omite e que permite as democracias participativas pró-ativas de ratificarem o status de país democrático, então adjudicamos aos bravos rapazes e moças fantasiados de heróis internéticos dos Black Bloc a missão de dialogarem com as forças políticas através do braço fardado da polícia e das polícias. Quantos de nós os cientistas políticos dedicamos tempo a tentar descobrir as linhas ideológicas deste tão vibrante movimento espontâneo, parecia que estávamos estudando um novo movimento da estratégia Gramsciana de guerrilha urbana, estávamos tentando enquadrar estes sofisticados eventos em teorias da desconstrução políticas nuperinstitucionalistas, quem sabe descobrirmos que por fora das instituições políticas padronizadas e envernizadas pelo tempo estavam sendo forjados novos discursos políticos sem fazer da política o seu eixo, ou quem sabe, estaríamos assistindo ao sucateamento das estruturas de discurso Arentianos, assim, fomos nos socorrer nos teóricos do anarquismo utópico présocialistas, mas eles seriam avançados demais para se enquadrarem em qualquer imperativo de categoria analítica kantiana, ou de qualquer outra. Assim, estes nossos novos heróis deixaram os seus campos de batalhas no Facebook, abandonaram as simulações no X-box e no PlayStation e foram para as ruas praticarem o que eles aprenderam desde logo nas primeiras telinhas do jogo do Mário. Como se sabe, os heróis do vídeo game não morrem depois do game-over, nem depois das explosões, como se sabe, sempre podem acumular novas e novas vidas, como os gatos, assim morrem, depois voltam à vida, assim que o jogo recebe um restart. Esqueceram de dizer aos jogadores do Black Bloc que não tem essa opção do restart na rua do prefeito do Rio de Janeiro, ele não é da geração do vídeo-game, além do mais o José Mário Beltrame mandou fechar todos os vídeojogos abertos nos morros Uppeizados. É verdade que os meninos do BBloc são mais conseradores do que o Zé Dirceu, pois a revolução deles é tão somente exigir do Estado brasileiro uma nova revolução! José Dirceu pelo menos tentou mudar tudo, os BBloc apenas exigem do estado uma autoimolação, uma autocrítica e uma automudança! Nem sabem ao menos como estrategear e tatificar tal revoluçãozinha! É muito triste, decepcionante! - Meninos do Black Bloc, quando os jogadores passam por todas as estações e ganham novas vidas e vão utilizando os seus bônus para chegar-se ao fim do jogo, então o jogo se repete ad infinitum mas sem aquela mesma empolgação do começo, assim, precisamos de uma nova versão Black Bloc 2.0 para substituir a versão obsoleta. Enquanto esta nova versão do jogo Black Bloc 2.0 não é lançada sugiro uma nova diversão até o Natal do próximo ano, quando o Papai Noel estará nos presenteando com novos cartuchos de jogos para curtirmos na próxima temporada de manifestações, a propósito, a geração vídeo-game precisa sempre, continuamente, constantemente de novidades pois ela é muito superficial, consumista, imediatista e não curte bem o mundo não-virtual. • No Brasil a falta do processo histórico de construção de uma sociedade civil democrática tem impedido que o governo encontre interlocutores sociais fora das elites, ensejando que as alocações de valores políticos sejam conduzidas de acordo com os interesses de atores e agentes específicos que têm acesso à arena decisória restrita a estes círculos do poder, com isto a sociedade civil fica alijada do processo de elaboração das agendas do governo, do processo de encaminhamento das leis, das decisões e não-decisões do governo. Assim o conflito entre Estado e sociedade civil acirra-se ou mascara-se, o que suscita o surgimento das alternativas ensaiadas ao longo da História política do Brasil para a mediação destes conflitos que foram: ditadura populista, autoritarismo institucional, autoritarismo desenvolvimentista, corporativismo, patrimonialismo e clientelismo.